Explosão de meteoro deixa mais de 1.000 feridos na Rússia
CHELYABINSK, Rússia, 15 Fev (Reuters) - Um meteoro cruzou o céu e explodiu na sexta-feira sobre o centro da Rússia, espalhando bolas de fogo por uma vasta área e provocando uma onda de choque que estilhaçou vidraças, danificou edifícios e deixou mais de 1.000 feridos.
Pessoas a caminho do trabalho em Chelyabinsk escutaram uma explosão, viram uma luz brilhante e então sentiram a onda de choque, segundo um correspondente da Reuters nessa cidade industrial 1.500 quilômetros a leste de Moscou.
A bola de fogo, que de acordo com a agência espacial russa viajava a 30 quilômetros por segundo, queimou sobre o horizonte, deixando uma trilha de fumaça branca visível a até 200 quilômetros.
Alarmes de carros dispararam, milhares de vidraças se quebraram, e os telefones celulares pararam de funcionar. O Ministério do Interior disse que a explosão do meteoro, um espetáculo raríssimo, também desencadeou um estrondo sônico.
"Eu estava dirigindo para o trabalho, estava bastante escuro, mas aí de repente ficou claro como se fosse dia", afirmou Viktor Prokofiev, 36 anos, que mora em Yekaterinburgo, nos montes Urais. "Eu me senti cegado pelo clarão."
O meteoro, que pesava cerca de dez toneladas e pode ter sido constituído de ferro, entrou na atmosfera terrestre e se pulverizou entre 30 e 50 quilômetros de altitude, segundo a Academia de Ciências da Rússia.
Não houve relatos de mortes, mas o Ministério de Emergências disse que 20 mil funcionários foram enviados à região para trabalhos de resgate e limpeza.
O Ministério do Interior informou que houve cerca de 1.200 feridos, sendo pelo menos 200 crianças, a maioria por estilhaços de vidro.
Um funcionário local do Ministério de Emergências disse que o incidente pode estar relacionado à passagem de um asteroide pelos arredores da Terra, na sexta-feira, mas um astrônomo da Academia de Ciências da Rússia, Sergei Barabanov, duvidou disso. Segundo ele, não há indícios que amparem a teoria de que o meteoro viajava acompanhando o asteroide, ou que tenham se soltado dele.
Pelo Twitter, a Agência Espacial Europeia também afirmou que seus especialistas não viram relação entre os dois fatos.
O governador regional de Chelyabinsk disse que a chuva de meteoritos causou danos superiores a 30 milhões de dólares, e, de acordo com o Ministério das Emergências, cerca de 300 edifícios foram afetados.
Um pedaço atravessou o gelo que cobria o lago Cherbakul, perto da cidade, deixando um buraco com vários metros de diâmetro.
Apesar dos alertas para que as pessoas não se aproximem de objetos não-identificados, moradores empreendedores já tentam faturar.
"Vendendo meteorito que caiu em Chelyabinsk!", oferecia o vendedor Vladimir num popular site russo de leilões. Ele anexou uma foto de uma pedra preta, e na sexta-feira à tarde o valor chegava a 1.488 rublos (49,46 dólares).
O director do Observatório Astronómico de Lisboa disse hoje à Lusa que “não há nada” que ligue o meteorito que caiu na Rússia, e feriu pelo menos 500 pessoas, ao asteróide que vai passar perto da Terra.
“Não há nada neste momento que se possa apontar que faça ligação entre estes dois fenómenos”, referiu Rui Jorge Agostinho.
A queda do meteorito na Rússia, que se fragmentou ao entrar na atmosfera e atingiu seis cidades nos Montes Urais, segundo os últimos dados do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, provocou 514 feridos, 11 dos quais tiveram de ser internados.
O director do Observatório Astronómico de Lisboa explicou que o meteorito que caiu na Rússia “é tecnicamente um meteorito”.
“Isto é, entrou pela atmosfera terrestre em altíssima velocidade, ultrapassava mesmo a barreira do som. Quando entra pela atmosfera desacelera, passa a barreira do som novamente, e isso faz o ‘boom’ sónico que as pessoas ouviram”, disse.
Rui Agostinho esclareceu que “outra coisa é o asteróide que está numa orbita natural em torno do Sol, uma órbita mais larga, estável, e que também está a passar neste momento relativamente próximo da Terra”.
Chamado ‘2012 DA 14’, o asteróide - que se define como um corpo rochoso e metálico que tem uma órbita definida em redor do Sol - foi descoberto, em Espanha, a 23 de Fevereiro do ano passado.
A sua passagem perto da Terra inicia-se, pelas 19:30 de hoje (hora de Lisboa), na direcção da Constelação de Virgem, e termina, às 02:00 de sábado, próximo da Estrela Polar, segundo o Centro Ciência Viva (CCV) de Constância/Parque de Astronomia, que tem o maior telescópio público de Portugal.
Este corpo celeste passa perto do "planeta azul" a uma velocidade de oito quilómetros por segundo e a uma distância de cerca de 28 mil quilómetros, um décimo da distância entre a Terra e a Lua.
O director do Observatório Astronómico de Lisboa sublinhou que o ‘2012 DA 14’ “não está em rota de colisão com a Terra, não está mesmo”.
O céu não vai ajudar, pelo que o grande asteróide que passa hoje perto da Terra dificilmente será visto em Portugal.
Para o corpo celeste poder ser observado, o céu tem de estar limpo e muito escuro. As previsões meteorológicas apontam, no entanto, para hoje à noite céu pouco nublado, com nuvens altas, no continente e nublado nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
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