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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Numero do Azar

O número 
13
 
Dizem que 13 é número de azar, malefício certo, desgraça. Será mesmo? 

Que me conste, é de bom juízo começar tal estudo pela coleta dos dados e, no nosso caso, os melhores são, sem dúvida, aqueles existentes nos relatos simbólicos de uma determinada cultura ou os associados a algum rito autêntico conhecido. Mas, logo um obstáculo se demonstra, pois as notícias sobre o número treze provenientes dessas  fontes são insuficientes e imprecisas.

"As tradições populares não
são populares em sua origem"

No entanto, apesar desse empecilho ou, quem sabe, por causa dele, existem muitas e variadas informações sobre esse número no folclore e nas superstições dos povos mais diferentes, que não devem ser vistas com zombaria, nem descartadas como irrelevantes, porque por trás das superstições e das manifestações do, chamado folclore, escondem-se verdades mais profundas do que as suspeitadas por nossa sã astrologia ou nossa vã antropologia. Tudo sendo a ponta de algum mistério.

Duvida? Pois acredito que posso lhe mostrar como a superstição e o folclore podem ser fecundos pontos de partida para inesperadas descobertas.

Para começar, lhe garanto que não estou sozinho, pois Luc Benoît, o célebre historiador da arte, afirma na "La cuisine des anges", pg. 74, que "o interesse profundo de todas as tradições chamadas populares reside, sobretudo, no fato de que não são populares na origem".

Essa frase de Benoît está plena de significados e conseqüências. Para ele, como para Guénon (1), é totalmente falso o conceito moderno de folclore que se assenta no pressuposto de que existem "criações populares" entendidas como produtos espontâneos da massa do povo. O que, corretamente, poder-se-ia chamar de popular é a sobrevivência de elementos pertencentes a culturas tradicionais desaparecidas, que constituem o que adequadamente se chama superstição. A etimologia mesma dessa palavra confirma isso: "superstição" significa o que subsiste, aquilo que sobrevive. Com efeito, freqüentemente, essas superstições populares são restos de concepções muito antigas, às vezes de caráter metafísico, que incompreendidas se tornaram degradadas e subsistem ou sobrevivem como algo mecânico e sem alma, mas ainda fascinantes e portadoras de uma magia e de um poder de atração muito grandes sobre as pessoas. E mais - arrisco dizer - isso acontece porque essas superstições continuam guardando, de modo latente, a possibilidade de se tornarem novamente um suporte para as influências de ordem intelectual que representaram de modo completo no passado. Entenda-se então, que apesar da atuação atávica e mecânica desses conteúdos, continua a existir neles, de algum modo, a sabedoria que antes eles ilustravam. Essas sobrevivências permanecem, então, como uma espécie de testemunho da sabedoria do passado para aqueles que podem compreender. O número 13 é um dos exemplos mais interessantes dessas coisas. Especialmente, porque tudo indica que o significado profundo do simbolismo desse número se refira exatamente a ensinamentos de ordem metafísica.

Com a certeza de que você leu com paciência e atenção essa digressão teórica, necessária para expor as premissas e os conceitos sobre os quais se fundamenta o restante desta exposição, passo ao pão-pão queijo-queijo, ao terra a terra do relatório de concretos dados e fatos. Observe, na relação que se segue, os muitos exemplos de crenças nas propriedades positivas do número treze, apesar dele ser considerado maléfico na maior parte dos casos.

Por exemplo, muitas pessoas penduram esse número em pulseiras e colares como amuleto benéfico e se atribui aos nascidos em dia 13 uma certa proteção e sorte, apesar desse dia ser considerado geralmente como nefasto. Muitos hotéis, nos Estados Unidos, não têm o quarto com esse número, mas existe lá um grande número de Thirteen Clubs, cujos sócios se reúnem para comemorar exatamente o dia 13. Fundamentada no caráter positivo desse número, a Igreja Católica divulga a proteção das trezenas de Santo Antônio, santo que morreu no dia 13 de junho de 1231; e, é ainda mais significativo que as trezenas mesmas sejam rezas ou devoções, cujo ritual está ligado ao simbolismo do número 13, pois elas são praticadas durante os 13 dias que antecedem a festa de um santo. Em oposição às benéficas trezenas cristãs, encontra-se a crença de que o fatídico dia 13 é propício para praticar ritos de bruxaria capazes de provocar morte e doença grave. Ainda na linha do sinistro, acredita-se que treze à mesa é signo certo de desastre - um dos convidados pode morrer. Sem dúvida, essa crença se relaciona com a tradição cristã da última ceia. Dela participaram treze pessoas e o primeiro que levantou foi Judas, o discípulo traidor e que morreu depois de enforcar-se. Coincidência ou não, o nefasto episódio é narrado no capítulo XIII do Evangelho de São João (2). Mas, acredite, o receio em relação ao número 13 remonta a um período muito anterior ao cristão. Hesíodo, no século VII a.C., no seu "Os Trabalhos e os dias", já recomendava que não se devia plantar no décimo terceiro dia. Mais tarde, em Roma, não se promulgava nenhum decreto no dia 13. Em suma, o número 13 significa tanto algo benéfico e positivo como algo extremamente negativo e maléfico; mas, o que permanece, com mais força, na memória popular são seus aspectos negativos.

Assim, postos e compostos os dados, impõe-se a busca das explicações que, não se espante, pode se iniciar muito bem com a ajuda da astrologia e pelo simbolismo do zodíaco e seus doze signos, porque o ponto de partida natural para a compreensão desse duplo sentido do treze é o conhecimento do simbolismo do número doze, que se encontra como sinal e marca de todas as tradições de tipo solar. Zodíco medieval Nessas tradições o número 12 é visto como figuração de um ciclo completo, como símbolo da ordem cósmica, ou seja, como perfeita representação do mundo manifestado ordenadamente. Ora, a expressão mais completa do simbolismo do doze é o zodíaco composto por doze signos que são as estações percorridas pelo sol no seu circuito anual. Um ciclo completo do sol compreende, portanto, doze fases demarcadas pelos signos zodiacais que, segundo a sã astrologia, correspondem ontologicamente aos doze modos do Ser e, desde outro ponto de vista, descrevem as várias fases de desenvolvimento do ciclo. Além disso, como existe uma correspondência analógica entre ciclos maiores e menores, o ciclo solar anual pode simbolizar o desenvolvimento de um outro ciclo qualquer.

Antecipo sua pergunta: - Quais ciclos? e respondo com fatos dos quais você pode tirar proveito e ensino. Por exemplo, o ciclo de desenvolvimento do ser humano que se inicia com o espermatozóide (Aries), ao qual se segue o óvulo (Taurus), o encontro dos dois (Gêmeos), fecundação (Câncer) e etc.; ou o ciclo da manifestação como um todo, onde Aries e Touro representam respectivamente os princípios ativo e passivo da manifestação, Gêmeos o princípio das relações, Câncer o princípio da formação, ou seja , aquele da elaboração das formas no estado sutil, ponto de partida da existência no seu modo individual, etc.; e, finalmente, apresento para seu exame um ciclo diretamente ligado a esse estudo: os estágios de desenvolvimento de uma tradição solar.

Como toda pessoa atenta, você, sem dúvida, já deve ter notado que todas as tradições mais recentes que são de tipo solar têm, normalmente, na sua origem uma figura central e poderosa da qual emana novo e inédito ensinamento e que de um modo ou de outro, esse personagem está associado ao número doze. Quer exemplos?

 Santa Ceia, de Leonardo da Vinci Para ilustrar, refiro os que se seguem: o mais antigo código dos árias, conhecido como "as leis de Manu", se divide em 12 partes; os grandes deuses gregos são doze; doze também eram os Ases, heróis divinos da tradição nórdica; em Roma, eram doze os litores do colégio sacerdotal dos Sálios, incumbidos de acompanhar o Pontífice Máximo; tanto Mitra quanto Lao-Tse, registra a história, tinham doze discípulos; na tradição muçulmana, existem doze descendentes; o número doze encontra-se no mito de Héracles, herói solar por excelência, que percorre as diversas etapas do desenvolvimento espiritual, representadas nos doze trabalhos; e, finalmente, comprovado pelos Evangelhos e pela história: Jesus, o Cristo, e seus doze apóstolos.

Confesso a você que, guiado pelo sadio simbolismo astrológico, fui obrigado a concluir que a razão comum entre esses muitos exemplos é o modelo celeste dos doze signos do zodíaco e mais o sol, no centro, como décimo terceiro elemento. Acompanhe meu argumento e veja como a lista de exemplos apresentada anteriormente revela que, de algum modo extraordinário e misterioso, o princípio representado pelo sol manifestou-se de modo muito concreto, conforme o modelo zodiacal, em povos muito diferentes, (alguns sem nenhuma relação temporal ou espacial detectável), na forma de um chefe, guia ou líder de comunidades compostas por doze pessoas. Mais explico-me dizendo-lhe que o sol - quando associado aos doze signos zodiacais - simboliza o espírito, ou melhor ainda, ele figura o intelecto puro que apreende a verdade de modo direto e expontâneo; ele representa também a inteligência intuitiva na alma humana e, ainda, se associa às idéias de vida, nobreza, glória, poder e realeza. Assim, nessas reuniões de doze, o décimo terceiro é sempre aquele que encarna o princípio solar, e por isso mesmo aparece, em relação aos outros, como centro e autoridade suprema (temporal ou espiritual). Os outros, quando postos em relação a ele, correspondem a funções e aspectos derivados do ciclo solar da civilização ou doutrina em questão. O cristianismo nos fornece um exemplo gritante disso nas figuras de São Pedro e São João, o evangelista. Por falar em tradição cristã, observe que na última ceia estão os doze apóstolos e mais o Cristo o décimo terceiro, aquele que vai morrer e renascer no terceiro dia, fato que indica ser o número treze um símbolo de transformação e renascimento; ou melhor, treze é o número que encarna, no campo limitado de doze, os meios para atingir o transcendente. Isto dito, revogue-se qualquer motivo de talvez ou quiçá e estabeleça-se o caráter positivo, benéfico e solar do número treze.

Mostrar o caráter harmonioso do simbolismo do número treze não encerra nosso estudo, porque sabe você e sei eu que o número treze carrega duas faces - como as moedas - uma virada para o sol, outra para a escuridão. De um lado, sorte e benefício; de outro lado, azar e prejuízo. Viremos a moeda então. E ao fazê-lo, o que simplesmente acontece é que o lado benéfico se escondeu, desapareceu, retirou-se, foi-se. E acredite que é exatamente isso que acontece quando uma tradição (ou uma doutrina), sofre um obscurecimento, uma decadência e seu sentido profundo deixa de ser compreendido. Ela continua sobrevivendo na forma, mas sem ter mais, viva e presente, aquela força suprema que a originou e que antes a penetrava e vivificava. Virada a moeda, o que surge é a reunião dos doze na qual falta o décimo terceiro, por isso há que se iniciar a busca de alguém capacitado para preencher a vaga; ou, dito de outra maneira, é necessário reencontrar o centro que, de algum modo, se ocultou.

Permita-me pegar na estante, aqui ao meu lado, um livro antigo, as amareladas e já meio soltas folhas, com a inscrição em algarismo romanos MCMLIV, Rio de Janeiro, Casa Editora Vecchi, coleção "Os Audazes", onde se lê o título em vermelho: Os Cavaleiros da Távola Redonda, tradução de Marina Guaspari. Interessa-me nele a parte que descreve a Távola Redonda, cópia da mesa da Última Ceia, em torno da qual se sentavam os doze cavaleiros principais do Rei Artur, cujos nomes foram gravados na face dianteira dos espaldares das cadeiras, com letras douradas traçadas por mãos invisíveis. Leia o que está escrito na página 94:


"Merlin e o Rei Arthur"

Estando todos acomodados, restaram dois lugares vagos, à direita e à esquerda de Artur. Nenhum dos dois trazia nome no espaldar. O rei notou com tristeza a ausência de dois cavaleiros, pois era seu desejo hospedar a irmandade completa, no dia de suas bodas. Mas, Merlin, que sabia ler o futuro e conhecia a razão oculta desses dois assentos vazios, pousou a mão no ombro de Artur e consolou-o, dizendo:

- Tende paciência, senhor. Em breve uma destas cadeiras vagas será ocupada por uma pessoa que haveis de conhecer e admirar; não vos posso dizer agora quem. A outra, que chamo "cadeira perigosa", não receberá hoje nem amanhã, nem por muitos anos, nenhum cavaleiro. E ai de quem pretender instalar-se nela! Vede o que está escrito no espaldar, em lugar do nome ocupante!

Artur cravou os olhos na cadeira misteriosa, no ponto onde as outras tinham o nome glorioso de um dos preclaros comensais. A princípio, nada viu. A pouco e pouco, porém, depois de um sinal imperceptível do velho mago, divisou no espaldar da poltrona vaga, não em letras de ouro, mas em caracteres de fogo, estas palavras fatídicas:

"EU SOU A CADEIRA PERIGOSA".

Mal o rei terminou de ler a legenda inexorável, as letras desapareceram. Entretanto, os cavaleiros todos, a princesa Genèvre, as damas, os escudeiros, os pagens, os numerosos criados tinham decifrado a frase ígnea; e um murmúrio de assombro sussurrava em todos os cantos do salão imponente:

- Esse lugar vazio é a cadeira perigosa! Nem hoje, nem amanhã, nem por muitíssimos anos, cavaleiro algum poderá ocupa-lo!

Entendeu? O décimo terceiro lugar à mesa está vazio. Mas, na cadeira perigosa, ninguém pode sentar sem enfrentar prova terrível, pois ela está destinada a um cavaleiro especial, predestinado, melhor e mais puro que os outros, cujo nome nos romances de cavalaria é às vezes Percival, Gauvin ou, especialmente, como é o caso de meu livro: Galahad. Além de ser indicado pelas suas armaduras brilhantes, limpíssimas e brancas, símbolos de sua pureza, ele é freqüentemente apresentado como aquele único capaz de consertar uma espada quebrada, símbolo evidente da decadência intelectual que ele vem acabar. As qualidades especiais desse cavaleiro lhe dão o direito de ocupar esse lugar, ou seja incorporar a função solar suprema, ser o guia tanto dos outros doze, quanto da organização ou ciclo que os reúne. E, qualquer outro cavaleiro que quiser ocupar esse lugar sem ser digno, encontrará ali sua desgraça: será fulminado ou a terra abrir-se-á aos seus pés e o tragará. Por outro lado, o cavaleiro eleito permanecerá ileso e intocado apesar desses fenômenos.

Os conhecimentos relacionados ao simbolismo dos doze, do treze e do lugar perigoso se expressaram pela última vez, de modo consciente, no ocidente, durante a Idade Média através das lendas do ciclo do Graal, das quais faz parte o relato da cadeira perigosa. E, segundo avisou Merlin, o normal em épocas posteriores é que, ignorantes dessas coisas, a maior parte daqueles que ousarem ocupar o décimo terceiro lugar não terão qualificação para tanto e por isso seu aspecto punitivo, maléfico e azarado é que prevalecerá. Assim, são os significados mais negativos associados ao número treze que permanecem subconscientes, na penumbra da memória popular, sob a forma das mais diversas superstições, que encobrem suas significações benéficas mais profundas.

Quod erat demonstrandum.

Permita-me ainda adiantar reparo necessário, antes que você o faça. Na verdade, a demonstração só vale, se alguma valia tem, na medida em que descrevi a relação entre o simbolismo do número treze e os ciclos solares, desde um ponto de vista espacial. Afinal de contas, até agora, só falei em lugares ou etapas do ciclo. Não enfoquei coisa alguma temporalmente. Por isso, resta a pergunta:

- Se a divisão do ciclo solar anual é naturalmente feita em doze partes, por que, em tudo que foi dito, está claramente implícita a possibilidade de uma outra divisão em treze partes preconizadas, sugeridas e anunciadas tanto pelas treze cadeiras em volta da Távola redonda, quanto pelos doze apóstolos, mais Jesus, sentados na mesa da Última Ceia?

Registram os professores das coisas antigas que o tempo foi primeiramente medido, tomando como referência as observações da lua; sem dúvida, mais fáceis de serem feitas do que as do sol. Assim, in nillo tempore, toda cerimônia importante era datada de acordo com as fases da lua. Os solstícios e os equinócios, momentos importantes do caminho anual do sol não eram determinados exatamente, mas se localizavam aproximadamente na época da lua cheia ou da lua nova. O número sete, que é a medida natural das fases da lua, tinha, portanto, uma sacralidade particular nessas antigas sociedades. Além disso, muitos estudiosos, dentre os quais Robert Graves, reuniram grande quantidade de documentos que apontam para existência de rituais de morte do rei, que era sacrificado na sétima lua cheia depois do dia mais curto do ano, ou seja, no solstício de verão, em torno de 21 junho no hemisfério norte.

Mesmo depois de terem sido feitas observações astronômicas mais precisas, quando se descobriu que o ano solar tinha 364 dias e mais algumas horas, ele continuou sendo dividido em ciclos lunares (meses), em vez de frações do ciclo solar. Esses antigos meses tinham 28 dias, que também era considerado um número sagrado, pois fundamentava a adoração da lua como mulher, já que um dos aspectos mais importantes do simbolismo lunar é aquele que a põe em relação com o Feminino através da mediação do número 28, demarcador da duração do ciclo menstrual. A semana de 7 dias era a unidade natural desse tipo de mês. Esse sistema acarretou uma identificação ainda maior da mulher com a lua, pois o ano de 364 dias é divisível exatamente por 28 dias, sendo o resultado 13 meses.

Você sabia que como tradição popular o ano de 13 meses sobreviveu entre os camponeses europeus por mais de um milênio depois da adoção do calendário juliano? Quanto a mim, confesso que não sabia disso até ler no primeiro volume do ótimo The Greek Miths, de Robert Graves que Robin Hood, figura do tempo de Eduardo II, cantava numa balada:

How many months be in the year?
There are thirteen, I say...


Segundo as pesquisas de Graves, era no décimo terceiro mês, desse ano lunar e feminino, que se realizavam as cerimônias de sacrifício do rei antigo e a sua substituição pelo rei novo. Existia um dia extra no ano de 364 dias, que era intercalado entre o décimo terceiro e o primeiro mês, considerado o mais importante do ano, porque nessa ocasião a Rainha escolhia o novo rei sagrado e o antigo era sacrificado. Este era um dia fora do calendário, portanto, fora do tempo, sinal do fim de um ciclo e do começo de outro, marcado pela morte e pelo renascimento do rei/sol. Assim, conforme a explicação de Graves, o número treze que era o número da morte cíclica do sol, e por extensão da do rei, nunca mais perdeu sua reputação maléfica entre os supersticiosos. Observe que essas informações sobre a história dos calendários confirmam as conotações simbólicas de morte e renascimento, estabelecidas, anteriormente, para o número treze.

Acompanhe-me, por favor, num último e final raciocínio referente à sexta-feira treze, considerado dia especialmente aziago no ocidente cristão. Sei que você, inteligente como é, já deve ter ligado todos os fios das meadas. Mas, apesar disso, peço-lhe que atente para a combinação duplamente nefasta existente, especialmente para um cristão, entre a sexta-feira - dia da semana em que o Senhor Jesus Cristo foi sacrificado na cruz - e o número treze, que assinala o vazio maléfico da décima terceira posição, especialmente na nossa época, onde é generalizado o desconhecimento a respeito do intelecto que ilumina a alma de modo direto e expontâneo, desde sua posição central.

E assim, considerando que não há mais nada que eu possa tratar, declaro encerrado aqui esse estudo sobre as ambigüidades do número treze. Que julgue você, pelas notícias, explicações e juízos apresentados quantos tesouros se escondem sob a forma tosca, ingênua e simples das superstições populares.


Notas:

(1) René Guénon, Symboles de la Science Sacrée,cap IV Le Saint Graal, Éditions Gallimard, Paris, 1962.

(2) Evangelho de São João, XIII, 21-30.


Cid de Oliveira é astrólogo.

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